Com multidão nas ruas, argentinos vivem tensão por prisão de Kirchner

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As ruas da capital argentina estão em efervescência desde que a Suprema Corte confirmou a condenação da ex-presidente Cristina Fernandez de Kirchner. A ex-mandatária, que está pedindo prisão domiciliar por ter mais de 70 anos, confirmou por meio de sua conta no X que se apresentará à Justiça no dia 18.
Hoje, por volta das 16h, apoiadores e militantes saíram às ruas em várias cidades do país, em solidariedade a ex-presidente.
Com cartazes com o rosto de Cristina, bandeiras, faixas, cânticos e gritos de "obrigada, Cristina", a mobilização em Buenos Aires reuniu milhares de manifestantes, sob chuva.
Os apoiadores se reuniram no Parque Lezama, na zona sul da capital portenha, e, em seguida, marcharam até a residência da ex-presidente.
Bajo la lluvia y con frío, la gente se agrupa en Parque Lezama para marchar hacia la casa de Cristina Kirchner contra el ataque a la democracia pic.twitter.com/ucUO16XnES
-- El Destape (@eldestapeweb) June 14, 2025
A vigília em frente a casa de Cristina tem reunido milhares de apoiadores desde o dia 10, quando a Corte confirmou a condenação de seis anos de prisão e inabilidade perpétua para ocupar cargos públicos pelo crime de administração fraudulenta.
Em frente a casa da ex-mandatária, Daniel Ortega, 71, contou que graças a Cristina ele pode ter o direito a férias.
"Estou aqui para apoiar Cristina. Tenho 71 anos e trabalhei toda a minha vida, sem nunca ter podido tirar férias em toda a minha vida. A única vez que tive férias, que pude comprar um carro e ter um computador, foi graças a essa mulher. Sou eternamente agradecido. Minha vida por Cristina", disse emocionado.
Enquanto segurava sua filha de colo, Alejandro disse aos jornalistas que defender a ex-presidente é como defender um amigo. "A condenação está servindo para unir o peronismo. Vim aqui para defender Cristina, porque é como defender um amigo", comparou.
"Foi ela que me deu dignidade. Minha mãe tem aposentadoria graças a Cristina. Vamos marchar todos os dias que forem possíveis por ela", afirmou outro apoiador.
Os aliados da ex-mandatária criticam a suprema corte argentina e afirmam que a última instância do país recusou os recursos da defesa sem análise do mérito, o que, segundo eles, perderia a legitimidade e imparcialidade jurídica da condenação.
Gustavo Pulti, deputado estadual de Buenos Aires, pelo partido União pela Pátria (peronista), afirmou que o processo que condenou Cristina é politicamente intencional.
"A condenaram sem provas, por meio de um processo irregular, arbitrário e politicamente intencionado", destacou.
Greve e manifestações
Para o dia 18, uma greve geral foi convocada; diversos setores sociais, militantes e organizações políticas prometeram acompanhar Cristina Kircher até o tribunal de Comodoro Py, em uma passeata que deve mobilizar a capital argentina.
Paralelamente, diversas faculdades da Universidade de Buenos Aires (UBA) —a maior da Argentina— foram ocupadas por estudantes em protesto à condenação da peronista.
O Colégio público Carlos Pellegrini, um dos mais prestigiados do país, também foi ocupado essa semana por estudantes secundaristas.
"A condenação de Cristina Kirchner mobilizou o movimento estudantil que já estava em alerta pelos ataques que a educação pública está sofrendo (com o governo Milei)", afirmou Delfina Carbajal, presidente do Centro de Estudantes do Colégio Pelegrini (CECAP)
Condenação de Cristina acentua polarização
Por outro lado, diversas manifestações virtuais de apoiadores de Milei e de críticos do peronismo comemoraram a condenação da ex-presidente, os quais afirmam que sua condenação é a prova de que a justiça foi feita.
Com a confirmação da condenação de Cristina Kircher, a TV argentina TN Notícias, uma das maiores do país, foi vandalizada. Uma rádio do grupo Clarín também teve seus muros pichados com dizeres "não brinquem com Cristina".
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