O cardápio que Lula apresenta aos líderes partidários para zerar as contas
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O governo Lula apresentará amanhã um "cardápio" de medidas fiscais aos líderes partidários para equilibrar as contas públicas, após duas semanas de crise desencadeada pela polêmica do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). O encontro marca uma mudança de estratégia do Ministério da Fazenda, que agora prioriza a negociação prévia com o Congresso antes de anunciar qualquer medida.
O tema é um dos destaques do episódio desta semana do A Hora, podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo, disponível nas principais plataformas. Ouça aqui.
"Eles estão muito fechados em copas. Não estão adiantando nada. Justamente porque eles querem dar a notícia, apresentar as medidas para os líderes dos partidos políticos no Congresso em primeira mão", explicou José Roberto de Toledo. A preocupação ficou explícita quando Haddad adiou um anúncio previsto para terça-feira, transferindo-o para domingo após reunião com Lula e os presidentes das duas casas legislativas.
Segundo Thais Bilenky, o ministro enfatizou a necessidade de manter tudo em sigilo, "que os primeiros a saber e decidir juntos são os presidentes da Câmara e do Senado" para evitar repetir o erro de atropelamento da primeira tentativa com o IOF. As medidas já estão prontas e terão impacto principalmente a partir de 2026, estendendo-se para 2027 e anos seguintes.
No centro da proposta estão cortes nas isenções fiscais, os chamados gastos tributários. A Zona Franca de Manaus custa algumas dezenas de bilhões de reais por ano, enquanto as isenções para o setor do agronegócio somam mais de R$ 80 bilhões anuais. O governo precisa encontrar cerca de R$ 50 bilhões em economia para atingir o centro da meta fiscal.
As mudanças estruturais seguem o princípio da anualidade tributária. Se mexer na estrutura do imposto, é preciso mudar esse ano para valer no próximo, diferentemente do aumento de alíquota que pode ser feito com uma canetada, mudar do dia para a noite. Algumas propostas podem exigir emenda constitucional, prolongando o processo de votação.
A estratégia representa uma guinada política após a crise do IOF. "Não adianta a gente tomar decisão sem negociar antes com quem vai ter que avalizar", declarou Lula, sinalizando que o governo aprendeu com o erro anterior. Haddad recuou politicamente, comprometendo-se a não anunciar nada antes da aprovação do Congresso. Para José Roberto de Toledo, o governo quer evitar "essa bola de neve" que poderia inviabilizar a aprovação de outras pautas.
O momento é delicado para Lula, com pesquisa Quaest mostrando 57% de desaprovação - o maior patamar da carreira presidencial. O presidente mantém saldo positivo apenas entre eleitores acima de 60 anos, nordestinos, pessoas com renda até dois salários mínimos e menos escolarizados. "Isso gera um caldo político para o Lula que dificulta o trabalho de articulação no Congresso", observou Bilenky.
Apesar das dificuldades, o Centrão avalia que Lula ainda tem "muito sinal vital" e pode melhorar com aprovação das medidas fiscais. A estratégia presidencial foca em conquistar Davi Alcolumbre, presidente do Senado, e Hugo Motta presidente da Câmara, as duas peças fundamentais para aprovar políticas que possam reverter em popularidade no ano eleitoral. O objetivo é atingir o centro da meta fiscal para dar espaço ao Banco Central reduzir juros e melhorar indicadores econômicos.
Podcast A Hora, com José Roberto de Toledo e Thais Bilenky
A Hora é o podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo. O programa vai ao ar todas as sextas-feiras pela manhã nas plataformas de podcast e, à tarde, no YouTube. Na TV, é exibido às 16h. O Canal UOL está disponível na Claro (canal nº 549), Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64), Samsung TV Plus (canal nº 2074) e no UOL Play.
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