Israel tem bombas nucleares? Entenda o mistério
Colaboração para o UOL, de São Paulo
16/06/2025 18h59
Apesar de Israel não confirmar, organizações de monitoramento e agências de inteligência globais afirmam que o país tem 90 bombas nucleares em sua posse.
O que aconteceu
Número coloca Israel na oitava posição no ranking global. Segundo o Sipri (Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo), nove países reúnem um total de 12.241 ogivas nucleares.
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A Rússia (5.459) e os EUA (5.177) possuem, juntos, cerca de 90% de todo o arsenal. Na sequência, vêm China (600), França (290), Reino Unido (225), Índia (180), Paquistão (170), Israel (90) e Coreia do Norte (50).
Israel, porém, não confirma nem nega oficialmente ter armas nucleares. A estratégia, chamada de ambiguidade nuclear, traz incerteza sobre o tamanho do arsenal mantido pelo país.
Israel continua mantendo sua política de longa data de ambiguidade nuclear, deixando uma incerteza significativa sobre o número e as características de suas armas nucleares.
Relatório do Sipri sobre a corrida armamentista global, divulgado hoje
Armas nucleares israelenses são classificadas como armazenadas. Isso quer dizer que elas não estão instaladas em lançadores. Já a Rússia, EUA, China, França e Reino Unido têm armas nucleares prontas para disparar.
País teria recebido ajuda da França para construir usina
O programa de armas nucleares de Israel teria começado pouco depois do Holocausto (1933 - 1945). A ideia do governo israelense era proteger o Estado Judeu, que havia sido dizimado.
Segundo o think tank Basic, "os franceses estiveram fortemente envolvidos no programa nuclear de Israel em seus estágios iniciais". O país europeu teria fornecido equipamentos e colaborado com a construção de uma usina nuclear em Dimona, no sul do país. A usina foi construída em segredo e sem salvaguarda da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).
Em 1960, a França teria feito Israel prometer que não produziria armas nucleares. No entanto, estima-se que o país tenha ampliado a capacidade da sua usina e descumprido o acordo.
Israel permitiu avaliação da instalação de Dimona pelos EUA na década de 1950. Desde então, nenhuma inspeção internacional foi realizada no local, que conta com segurança rigorosa. "Acredita-se que existam vários níveis subterrâneos ocultos na instalação", afirma o think tank.
Israel está modernizando seu arsenal
O país vem desenvolvendo seus sistemas e plataformas de lançamento de armas desde a década de 1960. Isso inclui as aeronaves F15 e F16, mísseis balísticos Jericho e submarinos Dolphin.
No ano passado, Israel realizou um teste de um sistema de propulsão de mísseis com capacidade nuclear. A informação é do último relatório do Sipri sobre a corrida armamentista global, divulgado hoje. O país também estaria modernizando um de seus reatores em Dimona.
Quantidade de bombas nucleares, porém, parece estável. Apesar de apostar na existência de 90 armas nucleares em Israel, o instituto destacou haver analistas que sugerem que o país possa ter até 300 armas nucleares.