Netanyahu diz ter atacado o Irã para evitar um 'holocausto nuclear'
Do UOL*, em São Paulo
15/06/2025 15h25
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que atacou o Irã para prevenir um suposto "holocausto nuclear".
O que aconteceu
Netanyahu disse hoje em entrevista à rede norte-americana Fox News que o Irã estava a meses de desenvolver sua primeira arma nuclear. "Tínhamos de agir para nos proteger e também para proteger o mundo desse regime incendiário". O líder israelense, no entanto, não apresentou provas.
Não teremos um segundo holocausto, um holocausto nuclear. Já tivemos um no século passado - o Estado judeu não vai permitir que o holocausto seja cometido contra o povo judeu. Isso não vai acontecer
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, em entrevista à Fox News
Primeiro-ministro afirmou que compartilhou provas com os EUA e que o Irã tinha capacidade para fazer pelo menos nove bombas. "Tudo que eles tinham que fazer era transformar [o urânio enriquecido] em armas", disse.
"A decisão de agir é do povo iraniano", disse, quando questionado se ideia era tentar derrubar o regime do país. Netanyahu comentou que "poderia ser o resultado" dos ataques. Além disso, criticou políticas do Irã, como "atirar em mulheres por estarem com cabelos descobertos" e "atirar em estudantes".
Na entrevista, o primeiro-ministro afirmou ainda que "pegou" o chefe da inteligência iraniana e destruiu uma instalação de enriquecimento de urânio. A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) confirmou na sexta-feira que parte dessa instalação, fundamental par ao programa nucelar do Irã, havia sido destruída pelos ataques israelenses.
Por que essa guerra agora?
Israel justificou o ataque ao suposto programa nuclear iraniano. Embora Teerã afirme que enriquece urânio apenas para fins energéticos, Israel, Estados Unidos e a ONU (Organização das Nações Unidas) dizem que o Irã está cada vez mais perto de construir uma bomba atômica. Para interromper o suposto programa nuclear, Israel promoveu o que chamou de "ataque preventivo".
Segundo Israel, o Irã se aproxima do "ponto de não retorno" em seu programa nuclear. O ataque israelense ocorreu assim que a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) acusou o Irã de descumprir com seu compromisso de não enriquecer urânio para fins militares. Ao contrário de Israel —que nega possuir um arsenal nuclear de 90 ogivas—, o Irã é signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares.
Nove países teriam a bomba: EUA, Rússia, China, França, Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte, segundo a Arms Control Association, que monitora os arsenais nucleares desde 1971.
Irã é o único Estado não-nuclear que enriquece urânio a 60%. Em tese, esse percentual é suficiente para fabricar uma arma nuclear. As mais potentes, porém, tem enriquecimento de 90% do urânio, missão relativamente fácil para quem já atingiu 60%, diz a agência.
Para analistas, Netanyahu tenta se agarrar ao poder. Com a impopularidade internacional da atuação militar israelense na Faixa de Gaza, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, teria aberto uma nova frente militar para manter o país em situação de emergência e evitar sua deposição diante de protestos internacionais e domésticos.
Quem está envolvido na guerra?
Israel realizou o ataque sozinho, mas tem nos EUA um aliado militar. Israel depende diplomática e militarmente dos Estados Unidos, mas realizou os ataques sozinho, afirmou o secretário de Estado americano, Marco Rubio, segundo quem autoridades israelenses consideravam a ação "necessária para sua autodefesa".
Para o Irã, EUA e Israel mentem. O governo de Teerã afirmou que Washington seria "responsável pelas consequências" dos ataques israelenses, afirmando que eles "não poderiam ter sido realizados sem a coordenação e a permissão dos Estados Unidos".
Trump disse que pode auxiliar Israel. Ele admitiu que "sabia de tudo" sobre o ataque e mostrou disposição para ajudar a destruir o programa nuclear de Teerã. O republicano chamou de "excelente" o desempenho dos militares israelenses.
A França disse que pode ajudar Israel a se defender. O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que o país não tem intenção de participar da guerra, mas ajudaria na defesa israelense, se precisasse.
Já o Reino Unido defendeu a ofensiva israelense. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, conversou por telefone com Netanyahu para enfatizar que Israel tem o direito à autodefesa, mas que o conflito precisa de uma solução diplomática.
Em resposta, Teerã ameaçou EUA, França e Reino Unido. Qualquer país que tente interferir no conflito "estará sujeito a ter todas as bases regionais do governo cúmplice atacadas pelas forças iranianas, incluindo bases militares nos países do Golfo Pérsico e navios e embarcações navais no Golfo Pérsico e no Mar Vermelho", disse o Irã em comunicado noticiado pela agência iraniana Mehr.
*Com agências internacionais